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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Loro Barraquero patagônico

Paredão da loberia de Viedma



Dia 5 26/12/2011 A Patagônia

A medida de longe e perto vai mudando quando estamos na estrada. Tudo é relativo. Sabe aquela cara de espanto que os europeus fazem quando dizemos que uma viagem de 700km (por exemplo: Curitiba a Foz) é curta para nós? Então. Depois de tiros de 1.000km, um dia de 460km é como dar a volta no quarteirão do bairro.

Resolvemos nossa tecnologia de bordo na saída de Viedma e partimos. Por tecnologia de bordo, entenda-se: tirar o gelo artificial do congelador da cozinha do hotel e levar para a bolsa térmica (gelo artificial são cubos plásticos com gel dentro, muito práticos – a Tok Stock e farmácias têm; é melhor do que a geladeira de carro, que costuma arruinar a parte elétrica – no ano passado, perdemos o nosso farol por conta disto); ajeitar os travesseiros de pescoço (sim, é possível dormir na estrada); programar o próximo destino no GPS; comprar água e alguma porcariada para comer no posto de gasolina; ler o que os guias de viagem dizem sobre o próximo destino (estamos levando: guia YPF, que tem mapas excelentes e boas dicas gastronômicas – é o guia 4 rodas da Argentina; Lonely Planet em PDF – são os clássicos do mundo mochileiro, a penguin books do turismo alternativo, agora em versão para notebooks e celulares; Fodor´s, que é o Lonely Planet de quem já fez 30 anos, agora tem plata para gastar mais do que um misto quente e se importa se o hotel tem pulgas ou não; guia 4 rodas, para a saída e volta no Brasil; e o mais importante de todos, o guia YPF de vinhos argentinos).

O destino do dia era Puerto Madryn, mas, antes, havia uma atração próxima – uma loberia, uma espécie de estacionamento de lobos marinhos. Não me pergunte a diferença entre leão marinho, lobo marinho, elefante marinho, morsa, leopardo marinho, foca e lontra – sempre fui péssimo em biologia; até o final da viagem eu devo saber quem é quem e há esperança para mim – depois de duas viagens ao noroeste da Argentina, a muito custo, consegui aprender a diferença entre alpaca, vicunha, guanaco e lhama. Infelizmente, a loberia estava fechada, em reforma, mas, na estrada de acesso, pudemos conhecer o loro barrequero. São as araras da patagônia – havia tantos, centenas, milhares, que o som chegava a nos intimidar. E num lugar paradisíaco, um paredão de não menos do que 30 metros, ao lado do mar. Digamos que foi o cartão de visitas da natureza selvagem da patagônia.

Seguimos até Madryn em uma estrada plana, reta, com muito vento. E, novamente, de modo similar às nossas outras viagens por aqui, por um motivo que ainda estamos tentando descobrir, há problemas de distribuição de combustíveis na Argentina. Em Serra Grande, chegamos com o tanque na secura total, coração aos pulos, para abastecer com a gasolina subsidiada da Patagônia, região grande produtora de petróleo – cerca de R$ 2,00 o litro. Antes, pagamos combustível até mais caro que no Brasil, a inflação está a bolsos vistos na Argentina. Os postos estavam com filas e a irritação dos Argentinos, com a situação, é notável.

A chegada em Puerto Madryn é hollywoodiana: uma baixada ao lado do mar, em que se avista o porto e a orla da cidade. Escolhemos nosso hostel, malas desembarcadas, hora de explorar um pouquinho a cidade. Nove da noite e ainda com luz de quatro horas da tarde – a latitude estende a luz do dia e a partir de agora não teremos mais sol a pino, o astro rei não abandona mais uma certa altura do horizonte.
Jantamos no Nautico, um restaurante apinhado de turistas europeus (Madryn é paraíso ecológico de fama mundial), e, depois de um badejo espetacular, na lista do Top Ten das minhas viagens – segui a dica do garçom e não me arrependi -, finalmente o sono dos justos e a expectativa para conhecer a Península Valdez no dia seguinte.

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