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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Erva Mate Andresito, recomendo!

Dia 4 25/12/2011 Dia perfeito na estrada

Depois dos mais de 1000km traumatizantes entre Puerto Iguazu e Rosario, estávamos apreensivos para nossa próxima puxada: Rosario a Carmen de Patagones, 1064km. Acordamos cedo no Hotel La Paz. É um edifício antigo e a família cuida do empreendimento desde 1948 – fotos em preto e branco nas paredes do hall lembram os tempos de ouro do La Paz, época em que artistas e boêmios freqüentavam o pequeno e elegante restaurante com piso quadriculado de granito e móveis em madeira escura. O hotel, de certa forma, retrata um pouco do que aconteceu com a Argentina – o país não cresceu como o Brasil nos últimos anos, e isto se vê em muitos lugares e detalhes em que o tempo parou. E parou em um bom momento, a Argentina era um país próspero, que corria o risco de dar certo - cidades como Rosario mostram isto a cada esquina. Hoje, tudo é muito diferente. Há certos itens de consumo, banais no Brasil, que são raros no país vizinho – só hotéis caríssimos tem box de vidro e frigobar. É também bem comum os hotéis ainda preservarem os elevadores antigos, com a treliça retrátil de ferro. De qualquer modo, se no consumo estamos em vantagem, na educação, a Argentina ainda está a quilômetros de distância. Cidades pequenas têm mais livrarias, bibliotecas e bancas de revista que as similares brasileiras.

Malas prontas, novo bagageiro de teto armado, saímos de Rosario com céu azul-bandeira-da-Argentina. E vencemos os 1064km em 11h – quase a metade do tempo do que fizemos no difícil segundo dia de viagem. Agora sim pudemos transitar naquilo que conhecemos bem: estradas vazias, retas, em bom estado. Média de velocidade, durante o trajeto, de 100km/h, excelente. 

Chegamos em Carmen de Patagones no final da tarde. Mas desistimos de pernoitar neste primeiro portal da Patagônia: há pouquíssimas opções de hotéis e elas não são boas. Preferimos cruzar o rio Negro e pernoitar do outro lado da margem, em Viedma. Nem Carmen de Patagones nem Viedma são destinos dignos de nota. Ambas as cidades têm uma beira rio arrumadinha, Carmen preserva um pequenino centro histórico, Viedma tem uma vida noturna agitadinha – todos estes diminutivos significam cidades bonitinhas e ordinárias. A gente precisa parar em algum lugar pra dormir e, tudo somado, estes vilarejos são bem melhores que Bahia Blanca, cidade maior e absolutamente desinteressante. De qualquer modo, uma diferença marcante para as cidades brasileiras é que as cidades hermanas cortadas por um rio normalmente têm uma vida muito similar à rotina tradicional do nosso litoral: uma avenida beira rio ajeitada, culinária de pescados, povo na água e povo em frente da água tomando cerveja em guarda-sóis. Paraná, Rosario, Corrientes, Carmen de Patagones e Viedma são assim.

Depois de uma viagem tranquilissima, a noite nos reservou o melhor momento do dia: o primeiro bife de chorizo da viagem. O primeiro bife de chorizo da viagem a gente nunca esquece. Estava do jeito que o diabo gosta: alto, mal passado, suculento e acompanhado de um bom vinho tinto.

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