Páginas

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Dia 14 – Los perros de Caleta Tortel

Avenida batel de Caleta Tortel.

07/01 – Puerto Rio Tranquilo-Caleta Tortel


De Puerto Rio Tranquilo a Caleta Tortel é tudo rípio. Para fazer os mais de 200km, são uma boas 5h de estrada – isto considerando o tempo para as fotos também. É tanta cenário espetacular que é só esticar o braço e apertar o botão – não precisa nem olhar, nem entender de foto, vai sair bom.

No meio do caminho, almoçamos em Cochrane, um simpático vilarejo, com uma praça central bonita e mais umas cinco ou seis ruas. Ali comemos no café em frente à praça – tinha panquecas e quiches. Estavam bons. Em geral, a comida é boa por aqui. E é tudo bastante organizado, limpo, arrumado. É nítida a diferença de desenvolvimento entre Chile e Argentina. Tudo que a Argentina tem de decadente, com entradas de cidades cheia de casas mais pobres e ruas mais sujas (em que carros muito muito velhos são bem comuns), o Chile mostra pujança: carros importados, roupas de marcas top de linha de esportes de inverno, cidades organizadas. É bom lembrar que estamos em uma parte bem pouco desenvolvida do país – ainda assim, incomparável com o que está do outro lado da cordilheira.

Passarelas de Caleta Tortel.



Chegamos em Caleta Tortel no final da tarde. Cachorros nos recepcionam na praça central – latem muito. E latem mais ainda quando damos ré para desengatar o bloqueio do diferencial central do Suzuki (um truque que aprendi na concessionária de Coyhaique).

Caleta Tortel é uma cidade de conto de fadas. Há exatos 516 habitantes. E nenhuma rua: a vila fica na encosta das reentrâncias da baía, e todo o acesso, a cada uma das construções, é feito por passarelas. A economia da cidade se mantém com a exploração de Cipres, uma das árvores símbolo da Patagônia, bastante aromática mesmo depois de cortada.



Escolhemos uma cabaña não muito longe do nosso carro, a Javi, que fica no alto e tem uma bela vista do pacífico. Há placas de avisos de tsunamis por todos os lados – mas os moradores dizem que é impossível um verdadeiro tsunami por aqui, pois a costa é bastante recortada antes de chegar nas casas. Não sei se faz sentido ou é uma crença que as pessoas têm para dormir à noite.

Então.


Quando voltamos para o carro, para pegar as roupas e os mantimentos para a noite, novamente os cachorros fazem festa. Mas um perro, mais animado, achou que o gordinho atrás do joelho da Fran era um bife suculento e não teve dúvidas de dar uma mordida. Rasgou a calça e, ainda que superficial, chegou no bife de Fran. Lava com sabonente, mertiolate, band-aid e a Lili já comanda uma expedição até o posto de saúde. Ali, a enfermeira, que é a mesma pessoa que nos alugou a nossa cabaña, esclarece que os problemas do posto de saúde normalmente vêm dos turistas: uma argentina que levou uma mordida de cachorro na bunda ou um europeu que quebrou o pé nas passarelas. Agora a Fran tem uma carteirinha de vacinação chilena – terá de tomar outras doses nos próximos dias.

Perro de Caleta Tortel.


As passarelas podem ser cansativas – há desnível entre a “costanera”, a beira-mar e a entrada da cidade. Para a nossa pousada, diz a G, que tem toque com este tipo de coisa, são 201 degraus. Os nativos, mesmo velhinhos, sobem e descem sem ajuda de ninguém.

Passamos no mercado para mais uma janta na cabaña do chef André – pasta ao molho de gororoba de vegetais congelados. A Lili sofreu bastante com o fogo da lareira desta vez. Mas, para fazer justiça, ela já está craque.

Lili fazendo o fogo.


Eu e a Fran dormimos no quarto de casal, com vista para o lago. A Fran já se esqueceu da mordida e não acha mais que o Chile não gosta dela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário