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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Give me five, dinossauro!   
Dia 8 29/12/2011 Os pinguins de Punta Tombo

O planejamento era dormir em Trelew, mas, com mais ticos e tecos funcionando, chegamos à conclusão que o meu roteiro original não fazia sentido: Punta Tombo, a atração do dia estava mais ao sul, e, no dia seguinte, continuaríamos a nossa rota para o sul. Então decidimos fazer o museu paleontológico Egidio Feruglio, partir para Punta Tombo e dormir em Comodoro Rivadavia (e não precisar voltar novamente para Trelew).

O museu Egidio Feruglio é um dos melhores do mundo na sua especialidade – a Argentina permanece um sítio arqueológico privilegiado de fósseis de dinossauro. É uma atração similar aos museus europeus, com iluminação arquitetada para o suspense, trilha sonora que imita os sons dos dinossauros (bem, aquilo que se imagina que seja o som de um dinossauro, se é que eles emitiam sons), filmes projetados e, claro, muitos esqueletos armados – a principal atração. Curiosamente, o maior dinossauro já encontrado no mundo está aqui e, naturalmente, o patriotismo hermano não deixou por menos – é o Argentinossauro; se acharem um ainda maior, desconfio que será o maradonassauro. O nacionalismo transborda em tudo – a bandeira do país está em todos os cantos; no Brasil, só os gaúchos são similares.
 
A marcha dos pinguins de Punta Tombo.
 

Museu percorrido, partimos para a principal atração do dia: a maior pinguineira de pinguins de Magalhães do mundo – cerca de 500.000 bichinhos – Punta Tombo. Eu e a Fran estivemos aqui em janeiro de 2005 e o lugar mudou bastante: há um centro de recepção de visitantes, um museu que explica tim-tim por tim-tim o que é um pinguim, e uma van que leva os visitantes até a beira do mar. Antes, tudo era bem mais precário e estacionávamos o carro do lado da reserva. Além dos pinguins, há guanacos, chicos (um hamster patagônico), emas e gaivotas aos montes. Há tantos pinguins que o lugar chega a feder. Eles estão no meio das passarelas, tomando sol na praia, pegando jacaré – é espetacular e divertido. O pinguim é uma ave gauche da vida, anda torta, não voa, desajeitada, um pouco como nós.

Chegamos em Comodoro Rivadavia, um dos pólos de extração de petróleo da Argentina, próximo das 22h, isto é, ainda de dia. Penamos para encontrar um hotel que coubesse no nosso bolso e não fosse um pulgueiro patagônico. E saímos para tentar jantar. Eu já havia lido blogs de viagem que comentavam que Comodoro Rivadavia era um buraco, uma Almirante Tamandaré do fim do mundo, o verdadeiro fim do mundo. Mas não tinha idéia do tamanho do fim do mundo. À meia noite, foi difícil encontrar alguma coisa decente aberta para uma refeição digna – depois de quase uma hora de caminhada, tivemos de nos contentar com um posto de conveniência 24h. Estranhamente, a cidade estava bem movimentada (não é pequena, tem 140.000 habitantes) – a pergunta é: para onde ia todo aquele povo nas calçadas e nos carros barulhentos se quase tudo estava fechado? Feia, sem graça, Comodoro Rivadavia tem um jeitão de cidade mal encarada, parece que saiu de algum filme do Tarantino. O museu da cidade, isto não é uma piada, é o museu do petróleo, tão sem graça que não tem nem estrela nos guias. E, como porto, não foge à regra: puteiros aos montes, desproporcional para o tamanho do lugar, todos com luzinha vermelha na fachada. As mulheres das ruas têm cara de pistoleiras e os homens têm testosterona saindo pelas orelhas. Parece curioso, algo que poderia interessar a um sociólogo, mas o charme é zero, acredite. Existem lugares que você pode ter certeza de que nunca serão interessantes, nem no passado nem no futuro – Comodoro Rivadavia é assim. 

Um comentário:

  1. holas!! hoje conversei com um amigo que já foi para o ushuaia... olha a dica, leve gasolina de reserva. em alguns trechos gasolina só de 500km em 500km... acho que vcs já previram isso. mas não custa nada avisar, né, quem sabe???
    abraços
    Bruna

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