Páginas

domingo, 4 de janeiro de 2015

Dia 7 – Brujas de ano novo


Dia 31/12 - Malargue


Álamos da pousada.
O último dia do ano começou cedo. Saímos para entrar e sair do buraco – talvez um sinal de boa sorte para o ano que começa: entrar e sair da Caverna de Las Brujas.

A história da caverna é tão interessante quanto a caverna em si: foi abrigo de várias tribos indígenas da argentina, por muitas gerações. E ali, segundo a lenda Mapuche, a última tribo que ocupou o espaço, os xamãs, dançando ao lado da fogueira com cristais, pareciam ter sombras de mulheres – daí o nome Caverna de las Brujas.

A caverna também foi o abrigo para o genocídio indígena que a campanha do General Roca, no século XIX, promoveu. Alguns dos sobreviventes Mapuches viveram aqui.

Se comparadas com as cavernas brasileiras que já visitamos, não é das maiores e também não é tão colorida quanto às nossas. Mas vale a pena. Primeiro, o tour é muitíssimo bem feito – a guia que nos leva para a caverna é cheia das técnicas para contar histórias. Pediu para que desligássemos todas as lanternas lá dentro, para fazermos a ambientação da retina (e, deste modo, a lanterna funcionar melhor). Enquanto isto, contou toda a tragédia indígena. Depois, como aventureiros, saímos de gatinho em corredores estreitos, passamos por pontes e cordas ao lado de pequenos precipícios e avistamos muitas das formações típicas das cavernas. Aqui não há nenhum tipo de animal – não há rio, o que explica a falta de morcegos e outros bichos. O passeio dura duas horas e andamos somente uma parte da caverna, cerca de 200m – a parte que está aberta para turismo.

Depois da caverna, como estávamos ao lado de um Paso para o Chile, entramos na cordilheira só para ver a estrada. Como são todos os pasos entre os países, este aqui também é bem bonito – não tão espetacular quanto os outros (este é baixo e não há montanhas de grandes proporções), mas o vale formado pelo rio e as montanhas vale a visita.

Ricardo: ele é o responsável pelo Chivo.

 Voltamos para as Cabañas Los Renuevos. Ricardo nos avisa que vamos ter Chivo (cabrito assado) e que não precisamos preparar nada para a ceia de ano novo. Ali pelas 10h, ele entra no nosso chalé com o cabrito assado mais espetacular de nossas vidas. O cabrito de Malargue é conhecido como o melhor da Argentina. E Ricardo nos diz que este é o melhor de Malargue. É um cabrito caipirinha (na verdade, um bebê cabrito caipira), preparado a lenha – estava tão saboroso, tão suculento, que é inesquecível. Para acompanhar, um vinho caseiro – não tem nada a ver com os nossos vinhos de colono. É um vinho exótico (também não se parece com os vinhos industrializados), sem conservantes (dura uma semana, no máximo) e sem açúcar (que caracteriza os vinhos de colono nossos). Ricardo deixou uma jarra conosco – foi o suficiente para, hã, dar um brilho nos olhos.

Nossa cabaña, quase ano novo.


Chivo, vinho caseiro e um brinde ao ano novo!
Passamos o ano novo com o barulho do vento dos álamos, alguns poucos fogos de artifício e a dança das meninas, a dança alegre das bruxas que estão viajando comigo. Para mim e para a Fran, nosso quinto ano novo nos Andes.

Brujas fizeram esta foto. Feliz Ano Novo!
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário