Dia
31/12 - Malargue
![]() |
Álamos da pousada. |
O
último dia do ano começou cedo. Saímos para entrar e sair do buraco – talvez um
sinal de boa sorte para o ano que começa: entrar e sair da Caverna de Las
Brujas.
A
história da caverna é tão interessante quanto a caverna em si: foi abrigo de
várias tribos indígenas da argentina, por muitas gerações. E ali, segundo a
lenda Mapuche, a última tribo que ocupou o espaço, os xamãs, dançando ao lado
da fogueira com cristais, pareciam ter sombras de mulheres – daí o nome Caverna
de las Brujas.
A
caverna também foi o abrigo para o genocídio indígena que a campanha do General
Roca, no século XIX, promoveu. Alguns dos sobreviventes Mapuches viveram aqui.
Se
comparadas com as cavernas brasileiras que já visitamos, não é das maiores e
também não é tão colorida quanto às nossas. Mas vale a pena. Primeiro, o tour é
muitíssimo bem feito – a guia que nos leva para a caverna é cheia das técnicas
para contar histórias. Pediu para que desligássemos todas as lanternas lá
dentro, para fazermos a ambientação da retina (e, deste modo, a lanterna
funcionar melhor). Enquanto isto, contou toda a tragédia indígena. Depois, como
aventureiros, saímos de gatinho em corredores estreitos, passamos por pontes e
cordas ao lado de pequenos precipícios e avistamos muitas das formações típicas
das cavernas. Aqui não há nenhum tipo de animal – não há rio, o que explica a
falta de morcegos e outros bichos. O passeio dura duas horas e andamos somente
uma parte da caverna, cerca de 200m – a parte que está aberta para turismo.
Depois
da caverna, como estávamos ao lado de um Paso para o Chile, entramos na
cordilheira só para ver a estrada. Como são todos os pasos entre os países,
este aqui também é bem bonito – não tão espetacular quanto os outros (este é
baixo e não há montanhas de grandes proporções), mas o vale formado pelo rio e
as montanhas vale a visita.
![]() |
Ricardo: ele é o responsável pelo Chivo. |
Voltamos
para as Cabañas Los Renuevos. Ricardo nos avisa que vamos ter Chivo (cabrito
assado) e que não precisamos preparar nada para a ceia de ano novo. Ali pelas
10h, ele entra no nosso chalé com o cabrito assado mais espetacular de nossas
vidas. O cabrito de Malargue é conhecido como o melhor da Argentina. E Ricardo
nos diz que este é o melhor de Malargue. É um cabrito caipirinha (na verdade,
um bebê cabrito caipira), preparado a lenha – estava tão saboroso, tão
suculento, que é inesquecível. Para acompanhar, um vinho caseiro – não tem nada
a ver com os nossos vinhos de colono. É um vinho exótico (também não se parece
com os vinhos industrializados), sem conservantes (dura uma semana, no máximo)
e sem açúcar (que caracteriza os vinhos de colono nossos). Ricardo deixou uma
jarra conosco – foi o suficiente para, hã, dar um brilho nos olhos.
![]() |
Nossa cabaña, quase ano novo. |
![]() |
Chivo, vinho caseiro e um brinde ao ano novo! |
![]() |
Brujas fizeram esta foto. Feliz Ano Novo! |
Nenhum comentário:
Postar um comentário