Berinjela, de outra cor, fazendo pose. |
11/01
– Puerto Rio Tranquilo-Perito Moreno
Quando
achávamos que a parte mais bonita da Carretera já estava cumprida e terminada,
passamos pela parte ainda mais espetacular – o trecho entre Puerto Rio
Tranquilo e Chile Chico. Este trecho é feito sempre margeando o lago Buenos
Aires (ou, para os chilenos, o lago General Carrera – é o segundo maior lago do
continente), com cadeia de montanhas nevadas ao fundo e uma estrada que recorta
precipícios, cânions e os muitos tons de azul.
Estradinha que margeia o lago. A última feia da viagem? |
Últimas imagens do lago, antes de chegar à Argentina. |
A
Fran viaja no banco de trás, com a perna esticada e o pé erguido no console
central. Paramos muitas vezes, para muitas fotos – é impossível fazer esta
viagem sem parar para tirar fotos. Todos saíram para tirar fotos. Menos a Fran.
A
missão do dia é achar um médico para avaliar o pé torcido e conseguir uma
tornozeleira ou uma bota ortopédica – seria complicado, no domingo, achar algo
aberto.
Depois
de terminar a estrada espetacular, chegamos em Chile Chico, cidade chilena já
na fronteira com a Argentina. O rípio acabou e a Fran e a G, que não gostam de
acampar, comemoram a chegado do asfalto.
A Fran entra no hospital de cadeira de rodas e descobrimos que o médico só virá
à noite para uma consulta. E as enfermeiras nos orientam a atravessar a
fronteira, em direção a Los Antigos, onde há um hospital 24h. Passamos a
fronteira com a Fran dentro do carro – os policiais permitem. E que fronteira
do inferno: estamos no meio do nada e, estranhamente, uma fila do cão,
especialmente na parte argentina.
A Fran machucou a mão também. |
A cereja é deliciosa. Já a festa... |
Quando
chegamos em Los Antigos, uma confusão inexplicável – há carros por tudo, a
cidade está lotada. Há uma maldita festa da cereja, a festa mais importante da
região, e os hotéis ficam lotados até três meses antes, inclusive nas cidades
vizinhas. É isto que explica a lotação na fronteira. No meio da confusão, com
gente bêbada andando nas ruas (é tipo uma festa da uva ou do frango com polenta
daqui), conseguimos chegar no hospital, cadeira de rodas novamente e a Fran fez,
finalmente, uma consulta. Saiu de lá com o pé enfaixado, medicamentos e a
instrução de não pisar forte pelos próximos dias. Bota ou tornozeleira, por
enquanto, nada.
Mesmo
com as cerejas daqui serem espetaculares, saímos correndo de Los Antigos para
Perito Moreno (é o nome da cidade, não tem nada a ver com o glaciar com o mesmo
nome), 48km depois. Ali, tudo também está lotado, mas conseguimos lugar no
Chakra Kaiken, o melhor e mais caro lugar da cidade – compreensivamente, havia
vagas por ali, pois não é pra tigrada da festa da cereja, só para gente fina,
elegante e sincera.
A
pousada é tocada por Petty e Coco, um simpaticíssimo casal de idosos, que
fizeram do terreno do tamanho de uma quadra, todo rodeado por álamos (que
demoraram 80 anos para ficar do tamanho que estão), um paraíso na Patagônia. Depois
que acertamos o custo, R$ 200 por quarto – caríssimo para os preços daqui – em
frente ao nosso quarto, um funcionário hasteia uma bandeira brasileira. É um
jeito único de encantar os clientes.
Rosa pequeña da pousada de Perito Moreno. |
Perito
Moreno é uma destas cidades inacreditáveis no meio do nada (nesta, há
exploração de ouro e prata), que tem um charme especial por conta do
isolamento. Compramos os mantimentos para um macarrão à carbonara na cozinha da
pousada, bebemos vinho de primeira qualidade e seguiu um brinde às nossas
muitas bandeirinhas (o símbolo de final de percurso do GPS) até aqui. O céu,
estrelado como só as cidades pequenas ainda preservam e o deserto deixa ainda
mais intenso, nos acompanha.
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