Avenida batel de Caleta Tortel. |
07/01 – Puerto Rio Tranquilo-Caleta Tortel
De
Puerto Rio Tranquilo a Caleta Tortel é tudo rípio. Para fazer os mais de 200km,
são uma boas 5h de estrada – isto considerando o tempo para as fotos também. É
tanta cenário espetacular que é só esticar o braço e apertar o botão – não
precisa nem olhar, nem entender de foto, vai sair bom.
No
meio do caminho, almoçamos em Cochrane, um simpático vilarejo, com uma praça
central bonita e mais umas cinco ou seis ruas. Ali comemos no café em frente à
praça – tinha panquecas e quiches. Estavam bons. Em geral, a comida é boa por
aqui. E é tudo bastante organizado, limpo, arrumado. É nítida a diferença de
desenvolvimento entre Chile e Argentina. Tudo que a Argentina tem de decadente,
com entradas de cidades cheia de casas mais pobres e ruas mais sujas (em que
carros muito muito velhos são bem comuns), o Chile mostra pujança: carros
importados, roupas de marcas top de linha de esportes de inverno, cidades
organizadas. É bom lembrar que estamos em uma parte bem pouco desenvolvida do
país – ainda assim, incomparável com o que está do outro lado da cordilheira.
Passarelas de Caleta Tortel. |
Chegamos
em Caleta Tortel no final da tarde. Cachorros nos recepcionam na praça central
– latem muito. E latem mais ainda quando damos ré para desengatar o bloqueio do
diferencial central do Suzuki (um truque que aprendi na concessionária de
Coyhaique).
Caleta
Tortel é uma cidade de conto de fadas. Há exatos 516 habitantes. E nenhuma rua:
a vila fica na encosta das reentrâncias da baía, e todo o acesso, a cada uma
das construções, é feito por passarelas. A economia da cidade se mantém com a
exploração de Cipres, uma das árvores símbolo da Patagônia, bastante aromática
mesmo depois de cortada.
Escolhemos
uma cabaña não muito longe do nosso carro, a Javi, que fica no alto e tem uma
bela vista do pacífico. Há placas de avisos de tsunamis por todos os lados –
mas os moradores dizem que é impossível um verdadeiro tsunami por aqui, pois a
costa é bastante recortada antes de chegar nas casas. Não sei se faz sentido ou
é uma crença que as pessoas têm para dormir à noite.
Então. |
Quando
voltamos para o carro, para pegar as roupas e os mantimentos para a noite,
novamente os cachorros fazem festa. Mas um perro, mais animado, achou que o
gordinho atrás do joelho da Fran era um bife suculento e não teve dúvidas de
dar uma mordida. Rasgou a calça e, ainda que superficial, chegou no bife de
Fran. Lava com sabonente, mertiolate, band-aid e a Lili já comanda uma
expedição até o posto de saúde. Ali, a enfermeira, que é a mesma pessoa que nos
alugou a nossa cabaña, esclarece que os problemas do posto de saúde normalmente
vêm dos turistas: uma argentina que levou uma mordida de cachorro na bunda ou
um europeu que quebrou o pé nas passarelas. Agora a Fran tem uma carteirinha de
vacinação chilena – terá de tomar outras doses nos próximos dias.
Perro de Caleta Tortel. |
As
passarelas podem ser cansativas – há desnível entre a “costanera”, a beira-mar
e a entrada da cidade. Para a nossa pousada, diz a G, que tem toque com este
tipo de coisa, são 201 degraus. Os nativos, mesmo velhinhos, sobem e descem sem
ajuda de ninguém.
Passamos
no mercado para mais uma janta na cabaña do chef André – pasta ao molho de
gororoba de vegetais congelados. A Lili sofreu bastante com o fogo da lareira
desta vez. Mas, para fazer justiça, ela já está craque.
Lili fazendo o fogo. |
Eu e
a Fran dormimos no quarto de casal, com vista para o lago. A Fran já se
esqueceu da mordida e não acha mais que o Chile não gosta dela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário