25/12/2014
Curitiba-Foz do Iguaçu
Noite
mal-dormida, como sempre. Planejamento sem fim, como sempre. Sexta viagem
andina. É a mesma tripulação de 2012, também para a Patagônia. Suerte nossa.
A G
chegou às 7h da manhã em casa e depois passamos para pegar a Lili, já em Large
Field. A estrada estava tranquila, eu e a Fran trocamos várias vezes no
volante, chegamos no final da tarde em Foz do Iguaçu. A Bruna emprestou a
casa na Vila B e, antes da janta, deu tempo de passar na minha casa de infância,
na Vila A.
Depois
de 30 anos, a vila está de novo na minha frente. É como se ela entrasse no mundo de Guliver – aos olhos da criança, tudo era grande. O
quintal era grande. A praça era grande. Na ladeira, a bicicleta sofria para
chegar ao fim e o carrinho de rolimã descia sem medo. Agora tudo é miniatura –
até o limite da vila, onde eu comprava os chicletes Ping Pong das figurinhas
com os jogadores da Copa do Mundo de 82, ficou pertinho. O muro, que o tio Tovo pulava de uma vez para
impressionar todos nós (todos nós, meninos e a Tica, que precisávamos escalar
para conquistá-lo), agora é um tímido amontoado de concreto, que não
impressiona mais ninguém.
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Pinheiro que a mãe plantou na casa de Foz |
Não
é só uma questão de espaço. É uma questão de tempo também. No parquinho, só
havia mistura de mato com arbusto. Agora, as mudas, que a memória da infância
não guardou, trouxeram um outro bosque – além dos bosques do início e do final
da rua. E o pequeno pinheiro que a mãe plantou, no quintalzinho da casa em que
eu e a Tica brincávamos de Playmobil, virou uma senhora árvore de uns 15
metros, pelo menos.
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Casa de Foz. Agora com arame farpado. |
As
casas já não são todas de madeira escura. Muitos construíram uma casa de
alvenaria no lugar. Outros trocaram as madeiras. Na nossa casa, já não é mais a
mesma arquitetura, há um anexo na garagem onde o pai preparava o bagageiro de
teto da brasília, há uma lajota em frente à porta da frente, é difícil
reconhecer a casa da memória. Mas o ar bucólico da vila permaneceu, ainda
parece o paraíso da infância – mas, diferente da nossa época, não há mais uma
criança na rua. E cerca elétrica em muitas casas. Na nossa, um arame farpado
circunda todo o terreno.
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O parquinho na frente da casa: agora com árvores. |
Contornamos
a vila para chegar na área de lanchonetes próxima do centro – no caminho, passamos
pela construção onde era a Cobal, o supermercado, e agora uma carcaça
abandonada. Jantamos, voltamos para a vila B e, antes de tomar banho, vejo o
aquecedor de passagem da minha infância (um grande barril branco, suspenso no
teto) e os taquinhos de madeira que também estavam no nosso chão.
Desmaiamos.
Noite mal dormida não perdoa.
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