![]() |
Ushuaia à meia-noite. (foto: André) |
Dia 15 05/01/2012 Impressões de
Ushuaia
Diferentemente de El Calafate,
Ushuaia é uma cidade de verdade. Há uma história, há um porto, há uma cultura
local. Há restaurantes de mais de meio século e isto é sempre sinal de que
existe vida na cidade.
As ruas se espalham entre o mar
e o Cerro Martial, com muitas ladeiras assimétricas e angulosas – a combinação
dos chalés coloridos com o mar e as montanhas nevadas é de capa de revista. Por
conta da neve do inverno, há uma convenção curiosa de preferencial – quem está
subindo ou descendo a ladeira tem sempre a preferência; quem cruza a ladeira (e
está no plano) deve esperar, mesmo que esteja na San Martin, que é a rua
principal de 10 entre 10 cidades argentinas de pequeno e médio porte.
Ushuaia é também uma zona de
livre comércio, mas somente alguns artigos realmente valem a pena comprar – um
deles são as roupas de inverno e eu e a Fran compramos jaquetas corta-vento,
pra agüentar até mesmo os ventos que vem da Antártica (que está aqui do lado),
a preços bem camaradas.
![]() | |
Fran no Parque Nacional Terra do Fogo (foto: André) |
![]() |
Casal de namorados no Parque Nacional Terra do Fogo (foto: Lili). |
O primeiro dia em Ushuaia
estava com tempo instável, mais instável que Curitiba (verdade!), e o sol e a
chuva se alternaram freneticamente. A manhã foi para compras, bater pernas na
San Martin e almoçar no Bar Ideal, um dos bares históricos da cidade. À tarde
fizemos caminhadas curtas no Parque Nacional Terra do Fogo, que tem belas
vistas da Bahia Lapataia, com inúmeras reentrâncias do mar e lagos esverdeados.
O parque é o ponto final da ruta 3, a BR 101 da Argentina.
![]() |
Carlos, o carteiro do Fim do Mundo (foto: Fran) |
É também neste parque que está
Carlos, o carteiro do fim do mundo, o sujeito que cuida da estação postal mais
austral que existe. Numa lojinha de não mais de 6m², abrigada do vento e
aquecida, Carlos, um sexagenário de suíças brancas (que devia ser a última moda
da Argentina 50 anos atrás), cuida de um ponto turístico conhecido da cidade:
mesmo com a Internet, qual não é o charme de receber um cartão postal com o carimbo
de Ushuaia? Mas atração mesmo é o próprio Carlos, uma mistura de papai Noel com
cantor de tango, que faz piadas o tempo todo e parece ainda se divertir selando
as cartas dos turistas japoneses ou brasileiros.
![]() |
Sorrentino de Centolla (foto: André) |
À noite, por indicação de um
casal de brasileiros que está no nosso hotel (biólogos – biólogos são mais
comuns na Patagônia que motoqueiros brasileiros com algum tipo do uniforme em
que aparece a expressão “expedição do fim do mundo” bordada nas costas de uma
jaqueta ou nas calças), jantamos no Plazeres
Patagonicos, um ótimo restaurante da San Martin. Como temos feito em toda a
viagem, pedimos três pratos para dividir em quatro – assim todos experimentam
de tudo, comem bem e não sai muito caro. No trio da noite: bife de chorizo, uma
seleção de carnes argentinas e uma massa recheada de centolla. Centolla é o
caranguejo gigante das águas geladas da extremidade da América do Sul. Com as
patas abertas, pode ter mais de 1m de comprimento – com a centolla, acho que
não dá pra cozinhar com o tijolo sobre a tampa da panela, o jeito morretiano de
fazer caranguejo, que meu pai gosta de fazer.
![]() |
Depois da janta. E duas garrafas de vinho. (foto: Fran). |
Nenhum comentário:
Postar um comentário