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terça-feira, 10 de janeiro de 2012


Ushuaia à meia-noite. (foto: André)

Dia 15 05/01/2012 Impressões de Ushuaia

Diferentemente de El Calafate, Ushuaia é uma cidade de verdade. Há uma história, há um porto, há uma cultura local. Há restaurantes de mais de meio século e isto é sempre sinal de que existe vida na cidade. 

As ruas se espalham entre o mar e o Cerro Martial, com muitas ladeiras assimétricas e angulosas – a combinação dos chalés coloridos com o mar e as montanhas nevadas é de capa de revista. Por conta da neve do inverno, há uma convenção curiosa de preferencial – quem está subindo ou descendo a ladeira tem sempre a preferência; quem cruza a ladeira (e está no plano) deve esperar, mesmo que esteja na San Martin, que é a rua principal de 10 entre 10 cidades argentinas de pequeno e médio porte.

Ushuaia é também uma zona de livre comércio, mas somente alguns artigos realmente valem a pena comprar – um deles são as roupas de inverno e eu e a Fran compramos jaquetas corta-vento, pra agüentar até mesmo os ventos que vem da Antártica (que está aqui do lado), a preços bem camaradas. 

Fran no Parque Nacional Terra do Fogo (foto: André)

Casal de namorados no Parque Nacional Terra do Fogo (foto: Lili).
 O primeiro dia em Ushuaia estava com tempo instável, mais instável que Curitiba (verdade!), e o sol e a chuva se alternaram freneticamente. A manhã foi para compras, bater pernas na San Martin e almoçar no Bar Ideal, um dos bares históricos da cidade. À tarde fizemos caminhadas curtas no Parque Nacional Terra do Fogo, que tem belas vistas da Bahia Lapataia, com inúmeras reentrâncias do mar e lagos esverdeados. O parque é o ponto final da ruta 3, a BR 101 da Argentina. 

Carlos, o carteiro do Fim do Mundo (foto: Fran)
 É também neste parque que está Carlos, o carteiro do fim do mundo, o sujeito que cuida da estação postal mais austral que existe. Numa lojinha de não mais de 6m², abrigada do vento e aquecida, Carlos, um sexagenário de suíças brancas (que devia ser a última moda da Argentina 50 anos atrás), cuida de um ponto turístico conhecido da cidade: mesmo com a Internet, qual não é o charme de receber um cartão postal com o carimbo de Ushuaia? Mas atração mesmo é o próprio Carlos, uma mistura de papai Noel com cantor de tango, que faz piadas o tempo todo e parece ainda se divertir selando as cartas dos turistas japoneses ou brasileiros.

Sorrentino de Centolla (foto: André)
 À noite, por indicação de um casal de brasileiros que está no nosso hotel (biólogos – biólogos são mais comuns na Patagônia que motoqueiros brasileiros com algum tipo do uniforme em que aparece a expressão “expedição do fim do mundo” bordada nas costas de uma jaqueta ou nas calças), jantamos no Plazeres Patagonicos, um ótimo restaurante da San Martin. Como temos feito em toda a viagem, pedimos três pratos para dividir em quatro – assim todos experimentam de tudo, comem bem e não sai muito caro. No trio da noite: bife de chorizo, uma seleção de carnes argentinas e uma massa recheada de centolla. Centolla é o caranguejo gigante das águas geladas da extremidade da América do Sul. Com as patas abertas, pode ter mais de 1m de comprimento – com a centolla, acho que não dá pra cozinhar com o tijolo sobre a tampa da panela, o jeito morretiano de fazer caranguejo, que meu pai gosta de fazer.

Depois da janta. E duas garrafas de vinho. (foto: Fran).

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