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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012


Depois do estreito de Magalhães. (Foto: André).
 
Dia 14 04/01/2012 Chegada dramática ao fim do mundo

De El Calafate até Ushuaia, a cidade mais austral do mundo, são 878km – em princípio, não é para ser uma viagem extenuante, porque as estradas da Patagônia ficam desertas e a média de velocidade geralmente é alta. Mas, por conta de uma confusão geográfica e de fronteiras, é preciso passar por quatro aduanas. É um exercício infinito de paciência e é difícil não ter repulsa da estupidez do conceito de uma aduana, da delimitação imaginária que faz a alegria da burocracia e da violência do Estado. Eis as invencionices humanas que ainda hoje são o estopim de tantas guerras e de tanto ódio.

Farofeiros na Ruta 40, parte 1 (foto: Ge)
Farofeiros na Ruta 40, parte 2 (foto: Lili)

Perto de Rio Gallegos, você sai da Argentina – fila quilométrica da migraciones, depois fila na aduana, depois fila na inspeção de alimentos do carro – jogamos fora nosso estoque de castanha e nozes. Carimbo no passaporte. Entra no Chile. Tudo de novo. 300 quilômetros depois, saída do Chile. Mais fila. Os mesmos procedimentos. E 12 km adiante, entra na Argentina. Claramente, com o aumento crescente de turismo em Ushuaia, as aduanas não estão preparadas para as massas de turistas de verão – as revistas são frouxas, o raio x é enfeite, ninguém olha para o seu rosto na hora de conferir o passaporte, a certeza da inutilidade daquilo tudo é absoluta. Se eu fosse terrorista iria chamar menos a atenção do que se eu gritasse que Neymar é melhor que Messi. Cada uma das aduanas durou, em média, 1h30, e perdemos 6h preciosas para receber dois pares de carimbo.

Os caminhos até Ushuaia são míticos. Passamos pela ruta 40, a route 66 da Argentina, uma rodovia que corta o país do Oiapoque ao Chuí hermano, isto é, da província de Jujuy a Santa Cruz, boa parte dela margeando os Andes. A menor parte da ruta 40 é asfaltada (era o caso do trecho que viajamos), mas é uma rodovia essencialmente de rípio, o que faz dela também uma atração para jipeiros.

Entrando na balsa do famoso estreito de Magalhães (foto: Fran)

Entrando no Chile, outro trecho mítico: para chegar à Terra do Fogo (uma ilha que, a despeito do nome, é fria como um samba cantado em coreano), precisamos atravessar o famoso estreito de Magalhães, aquela atração favorita das provas de geografia do ensino médio. A balsa é relativamente rápida – não mais que 20 minutos – e as água estavam calmas na nossa travessia.

Floristas com Dramin no estreito de Magalhães (foto: Ge).
 Finalmente, Ushuaia. Por conta da aporrinhação sem fim das aduanas, chegamos a Ushuaia quase meia noite, ainda de dia, mas sem luz suficiente para aproveitar decentemente a espetacular estrada da chegada, que margeia lagos, montanhas nevadas e floresta temperada (ficará para a volta). 

Não sou muito fã da febre “Fim do Mundo”. De um lado, fim do mundo, fim do mundo mesmo é Almirante Tamandaré ou Pato Branco. Por outro, se a questão é a extremidade da latitude, bem, Ushuaia não está tão privilegiada assim – no hemisfério norte, Estocolmo, por exemplo, tem uma latitude maior. 

Nossa primeira impressão do fim do mundo foi não encontrar hotel – a cidade estava lotada. Rodamos por mais de uma hora em busca do nosso quarto e nada. Só conseguimos depois de a Fran passar a lorota em um dono de pousada e dizer que estávamos viajando com as nossas duas filhas, que estavam com fome. O sujeito se compadeceu e ligou para dúzias de pousadas, até encontrar uma livre, que, no final das contas, acabou sendo uma ótima opção.

2 comentários:

  1. bur, sei q vc vai ler isso hj, então especial pra vc: feliz cumpleaños, sis =) pensei em vc o dia todo! Agora vamos sair pra comemorar e brindar por vc hehehe... vc prefere cordeiro ou bife de chorizo? beijos de todos daqui =)

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  2. com certeza bife de chorizo!!!

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