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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012


Dia 12 02/01/2012 El Calafate

Roseira patagônica. (foto: Fran).
 El Calafate não é bem uma cidade, mas um lugar em que se compram pacotes turísticos. Não é que seja mais um povoado minúsculo – não é –, mas é a falta completa de uma cultura local. A única cultura é a exploração do turismo e isto faz de El Calafate um destino similar a San Pedro de Atacama: cara, meio sem graça e que foi erguida por conta do entorno espetacular e não pela história das pessoas que vivem ali. É uma mini Las Vegas, com algumas aberrações inacreditáveis (o artesanato do noroeste da Argentina, 5.000km daqui, está à venda, não sem um reajuste de uns 500%), cassino de arquitetura pós-moderna na rua principal e destino favorito de milionários e de novos milionários que podem gastar seus tostões em hotéis e restaurantes de luxo. 

Lavanda em frente ao nosso hotel (foto: Lili).

Dito isto, a cidade tem alguns encantos. Graças a uma condição extraordinária do sol que brilha das 4h às 23h no sul da Patagônia, em um ambiente seco e frio durante a noite, as roseiras e outras muitas flores dos jardins são gigantes e cada planta é um mostruário de floricultura. Por iniciativa local, a população é encorajada a cuidar bem dos seus jardins e há até um prêmio anual para os mais caprichados ­– claro que isto encantou as meninas, que tiraram fotos de cada uma das, aproximadamente, 2.000.000 de roseiras da cidade. Sabe aquela interjeição que as mulheres fazem quando veem algo fofo, como fofoletes, filhotinhos de qualquer animal que não seja peçonhento ou uma declaração de amor sincera? É um som próximo de um “u” e um “o”, nasalizado, que vai diminuindo de volume aos poucos até terminar em um biquinho, digamos, fofo. Então. De minha parte, vocês podem imaginar o grito, o famoso quadro de Munch. 

Jardins das ruas de Calafate. (foto: Lili).
 Próximo do centro, está um belo lago povoado por flamingos e outras aves patagônicas. Também já é possível aproveitar uma avenida costeira, na margem do lago, que a prefeitura está construindo. Há muitas cortinas de álamos – árvore que cresce rápido e que ajuda a bloquear o vento, terrível em Calafate – que dá uma certa graça à arquitetura da cidade. Finalmente, ainda que mais caras que El Chaltén, as opções gastronômicas se multiplicam e já é possível encontrar pratos mais elaborados e sorveterias inesquecíveis.

Lago Argentino, ao lado de Calafate. (foto: Ge).
 O dia na estrada foi curto – cerca de 200km – e, depois de encontrarmos uma pousada simpática, por um preço prá lá de camarada (um dos melhores custo/benefício da viagem),­ declaramos férias dentro das férias. Dia livre para caminhar pela cidade, fazer compras e tirar fotos de flores.

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