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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O vale do Rio Elétrico: a montanha mais alta é o Fitz Roy. (foto: Lili).


Dia 11 01/01/2012 Começando o ano no refúgio Los Troncos

Paraíso de fama internacional tanto da escalada quanto do trekking, El Chaltén é uma espécie de imã dos mochileiros barbudos, ex-hippies (hoje vegetarianos donos de barzinhos naturebas, mas ainda com a sandália, a bolsa esfarrapada e a surrada saia indiana) e hippies remanescentes (que ainda são muitos na Argentina – outro sinal de que o tempo parou por aqui). Para os alpinistas, duas das montanhas mais difíceis do mundo: Fitz Roy e Cerro Torre. São paredões verticais de gelo e pedra, varridos o tempo todo pelos tufões patagônicos de mais de 100km/h – pedreira que só a elite dos cabras macho atléticos enfrenta. Sobre isto, há um filme interessante do cineasta alemão Werner Herzog, que conta a história de dois alpinistas concorrentes que tentam conquistar o Cerro Torre.

A trilha no bosque de lengas. (foto: Ge).


Para os amantes das caminhadas, Chaltén oferece trilhas de dificuldade variada, das mais leves (de somente um dia) às mais pesadas (que passam por todo o parque e exigem equipamento de cozinha e camping). Com tempo restrito e a idade avançando, optamos por uma caminhada mais leve, de ida e volta no mesmo dia, até o refúgio Los Troncos. Para mim, foi uma sessão nostalgia, não só porque estive em Los Troncos no verão de 1996, mas também para lembrar o que é um trekking – algo que não fazia desde a minha aposentadoria do mundo mochileiro, no Parque Nacional do Everest, no Nepal, em 1998.

O escriba do blog come sanduíche de salame e queijo para renovar as energias. (foto: Lili).

Meninas superpoderosas se protegem do vento. (foto: André).

 Somado tudo, ida e volta, a caminhada tem cerca de 10km, somente no plano, que fizemos em 5h30 – um tempo bastante razoável, considerando que paramos para descansar duas vezes e andamos devagar para tirar fotos e aproveitar o passeio. A trilha começa ao lado de uma das pontes do Rio Elétrico, onde deixamos o carro, e percorre um vale que fica à leste do Fitz Roy. O lugar é mágico, mesmo com as butucassauros do começo da caminhada, que exigiram a perícia e a destreza das meninas superpoderosas. Sempre margeando o Rio Elétrico, que é também a fonte de água para o trekking (não sem a careta de nojo da Fran), a trilha passa por um bosque típico dos climas temperados, com árvores espaçadas, as lengas, sem o recheio daquele mato denso característico das florestas brasileiras. É possível observar pássaros, flores de várias espécies diferentes e ouvir tanto o farfalhar desesperado das folhas quanto o grito retorcido do encontro dos troncos de árvores – o vento é a principal medida meteorológica da patagônia; tempo bom é tempo sem vento.

Lili toma o nescau mais caro do mundo, no refúgio Los Troncos (foto: André).
O estacionamento de barracas do refúgio, onde acampei em 1996. (foto: André).


 O fim da trilha é o refúgio Los Troncos, um espaço protegido do vento, com estacionamento de barracas, pequenas cabanas para alugar e um restaurante (restaurante é exagero – é uma cabana que vende sanduíche) aconchegante e caríssimo. Tomamos o mais caro nescau quente de nossas vidas (cerca de R$20,00 por pessoa – o isolamento pode trazer regalias para o comércio – mas vale o preço, era um lugar quentinho e sem vento) e, com forças redobradas, fizemos o caminho de volta. Para a nossa turminha de trintões, tudo correu bem, exceto uma ou outra dor muscular no dia seguinte.

Ponte sobre o Rio Elétrico, próximo de onde deixamos o carro (foto: Ge).

À noite, mais um bife de chorizo – desta vez com molho criollo: cebola, pimentão verde e pimentão vermelho. A Argentina do sul é bem mais cara do que a Argentina do noroeste – com a inflação, nem tudo continua muito mais barato que o Brasil. De qualquer modo, os restaurantes costumam sair mais baratos, sobretudo o preço dos vinhos.

2 comentários:

  1. já estava achando que no fim do mundo não tinha internet!!!! Há uns 10 anos atrás (ou um pouco mais) tinha pago uns 6 USD em um Nescau em Bariloche... é, esses argentinos conseguem se superar mesmo nas pequenas coisas!!!
    Abraços para todos e em especial para minha irmã!
    Bruna

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  2. Bruna,
    Bariloche é mesmo bem cara - vamos passar por lá. De qualquer modo, 10 anos atrás a Argentina tinha outro preço (creio que era a época em R$1,00 = 1AR$), mas o real está bem valorizado por agora. Mesmo o mais caro normalmente sai mais em conta que no Brasil.
    Abraços para você de todos,
    André

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