A
altitude, as porcarias do jantar da noite anterior e um almoço mais reforçado
em Chivay (também ontem) tiveram efeitos devastadores sobre o meu intestino.
Sofri as piores pragas dos deuses Incas e passei mais tempo no banheiro,
durante a madrugada, do que na cama.
De
manhã, a Fran sugere que eu pegue um avião para Cusco – não vai dar para
enfrentar o banheiro do ônibus. Mas as coisas já começam a normalizar de manhã.
Estou fraco. No café, como uma rodela de banana, um pedaço de torrada e um soro
caseiro (colher de açúcar e sal) que a Lili fez. Decido que vou de ônibus mesmo
– fizemos pesquisas para ver o preço de passagem de avião no mesmo dia e os
custos ficaram muito altos. Além disso, me sentia, aos poucos, melhor.
Viajar
de ônibus por aqui é conhecer o Peru profundo – sem trocadilhos, por favor. No
começo da viagem, um senhor, que tem cara de pastor, fica de pé no meio do
corredor e começa uma interminável lenga lenga de remédio que previne o câncer.
É um vendedor. Por que não te calas? Ele fala com fervor religioso e o discurso
dura mais de insuportáveis meia hora. Depois aparece gente vendendo água,
petiscos, mate de coca. O corredor do ônibus está lotado de malas, comida, o
cheiro não é bom – ainda mais pra mim, ainda nauseado só de imaginar qualquer
comida que não seja água e bolacha de água e sal. No meio do caminho, uma chola
entra com o marido. Só faltou entrar uma alpaca baby.
A
viagem passa por Juliaca (uma cidade horrível, sem verde, empoeirada) e também
por cenários andinos espetaculares, com direito a um vale entre montanhas nevadas. É uma estrada para voltar no futuro.
De
Arequipa até Cusco são quase 12 horas de viagem – a quilometragem não é alta,
mas a estrada fica o tempo todo nos 4.000m e os veículos não conseguem
desenvolver velocidade. Nosso ônibus vai na média de 50km/h. O ônibus não fez pausa para almoço e, no pinga pinga dos vilarejos, as paradas são rápidas e
impacientes. Em uma delas, as meninas tentaram ir ao banheiro e não havia
patente, só um buraco – não deu. Em outra, eu consegui ir ao banheiro, para o
número 1 (tudo tranquilo até aqui), mas quando voltei, o ônibus já estava dando
ré e quase fiquei perdido em um obscuro vilarejo andino.
A
Lili e a g sentem um pouco os males da altitude e mastigam as folhas de coca. A
gripe da Fran está melhorando, aparentemente. E eu tento descansar o que dá, mas a viagem é
uma surra de 12 horas.
Chegamos
à noite em Cusco. A rodoviária está lotada, muito barulho e muita confusão.
Pegamos um táxi e o motorista não sabia onde ficava nosso hotel – mal sinal.
Seguimos o mapa do google maps e não conseguimos achar o hotel. O motorista
ligou para o hotel e descobrimos que o Fuente de Águas, ao contrário do que diz
o Google, fica a 7,5 km do centro histórico de Cusco. De todo
modo, o hotel é muito prestativo e aconchegante. Quando chegamos, eles fizeram
sanduíches e um café para nós – até eu já estava melhor e com fome.
Apagamos.
PS.: Não há fotos neste post, porque não tinha forças para as fotografias. Depois, com as fotos da Lili e da G, completamos o dia.
PS.: Não há fotos neste post, porque não tinha forças para as fotografias. Depois, com as fotos da Lili e da G, completamos o dia.
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