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Céu de brigadeiro na nossa chegada em Foz do Iguaçu |
Dia 1. 22/12/2011 A partida
Adelante! A guarda gentil da fronteira de Puerto Iguazu faz um sinal com a cabeça e nos dá passagem. A Fran olha pra mim desolada: mas ela não vai pedir nem a Carta Verde (o seguro internacional obrigatório)? Não. Sensação de ter perdido os 150 pilas do seguro. Adelante! Gracias. E comida, eles sempre implicam com comida na fronteira, não vão falar nada do tupperware escondido com os cubinhos de quibe assado da minha sogra? Engolir às pressas o pão com salame foi em vão? Olha, mesmo se estivéssemos com um x-carne-de-caça mal passada, adelante. E se estivéssemos com uma bazuca ou um cadáver mutilado no porta-malas, alguma coisa? Adelante! A única coisa que chamou a atenção da guarda era o que ela achou que fosse uma criança no banco de trás – era a Lili, minha cunhada de 32 anos.
Quem lê os relatos de viagens de carro para Argentina fala de uma suposta polícia mais corrupta do mundo, pior até mesmo do que a nossa (é uma rixa do tipo Pelé X Maradona) – eles seriam feios, sujos e malvados, vão inventar qualquer coisa para receber propina. Mas a realidade parece diferente: o sujeito que fica descansando na guarita não parece ser o paranóico agente do FBI em busca de terroristas (ou de pão com salame), mas o recruta zero despreocupado, o doutorado com indicação de publicação na lei do menor esforço. Adelante!
Quem sai de Curitiba em direção ao sul da Argentina tem duas opções: Rio Grande do Sul ou Foz do Iguaçu. Pelo Rio Grande do Sul a quilometragem é mais baixa – se o destino é o sul, corte caminho pelo próprio sul, como não –, mas você terá de enfrentar, por mais de 1.000km, dois trabalhos de Hércules: as estradas brasileiras e os recordistas mundiais em mortes no trânsito, ele mesmo, o honorável motorista brasileiro. Saindo por Foz, a questão é de outra natureza – menos motoristas brasileiros, maior quilometragem na viagem (mas tudo muito mais rápido: estradas quase sem movimento) e, eis a dúvida, enfrentar a tal polícia hermana por mais tempo. Trucamos com a polícia hermana. Até aqui, somente um adelante. Vamos ver o que nos espera amanhã, quando passaremos pela mais famosa (no pior sentido possível) guardameria argentina: a da província de Entrerios, que fica no oeste do Rio Grande do Sul.
Polícia à parte, os primeiros dias de quem viaja de carro para Argentina são os menos interessantes. Geografia banal, calor dos infernos, cidades de segunda linha. Hoje, paramos em Puerto Iguazu, numa saída adiantada em um dia de Curitiba, às 13h30. Depois de quase nove horas na estrada, felizmente tranquila, numa linda tarde de verão, cruzamos a ponte internacional Tancredo Neves. Adelante! Por que ficar em Puerto Iguazu e não em Foz? Para dormir no Che Lagarto, um hostel simpático, por 50 pesos por pessoa – não vou fazer o câmbio porque é covardia. Amanhã começa de verdade a aventura.
Logo vcs terão DUAS cças no banco de trás hehehehe :)
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