14/01
– San Martin de Los Andes-Pucon
A
Fran disse a bota não estava confortável e, novamente, saímos em busca da bota
ideal. Chegando em um farmácia de San Martin, o farmacêutico nos informa que o
tamanho está certo, mas a bota não é bem montada e realmente aperta na
panturrilha. Sem cerimônia, ele mete a bota em fogo, para moldar o cano. Quem
quiser ficar milionário na Argentina é só montar um fábrica de botas
ortopédicas.
Saímos
de San Martin em direção à Pucón. Fizemos um Paso Fronteiriço novo, o Mamuil
Malal, que passa ao lado do vulcão Lanin – é o ponto culminante da Patagônia,
com quase 4.000m e está nevado mesmo no verão. Fica ao lado de uma floresta de
araucárias – araucárias desta região, que são um pouco diferentes e não tem
pinha, isto é, não tem pinhão. A nossa araucária é mais legal.
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Vulcão Lanin. |
Na
fronteira, a Lili ficou paquerando o guarda. Ou melhor, diz a Lili, foi ele que
ficou paquerando, convidando-a para ficar no Chile. Enquanto isto, eu passei
por um suador na aduana argentina. Uma baixinha loira, com cara de entojo,
começou uma entrevista em tom ríspido. Onde estava na Argentina? Em San Martin.
Onde em San Martin? Na cabaña El chapelco, algo assim. O que você faz? Sou
professor. De quê? De comunicação. Primeira vez na Argentina? Não, décima,
acho. Boa viagem, cavalheiro.
Entrando
no Chile, uma expectativa frustrada. Naquilo que eu e a Fran nos lembrávamos,
era uma estradinha maravilhosa até Pucón. O problema é que, 10 anos depois, já
passamos por tantas estradas mais espetaculares do que esta que tudo ficou bem
mais ou menos, três estrelas.
Chegamos
na pousada reservada pelo booking.com (reservada às 6h da manhã em San Martin,
quando a Internet estava decente) e, como eu desconfiava, deu merda: o dono da
pousada nos pede mil desculpas e disse que acabou alugando para outros
turistas. Nos garantiu as próximas noites, mas, para hoje, conseguiu uma outra,
mais no centro da cidade.
Pucón
está em chamas – muvucada em tudo quanto é canto. Bem diferente de dez anos
atrás. Pessoas saindo da praia, bares e restaurantes cheios – é bem como as
praias do Brasil em temporada. A diferença é que o vulcão Villa Rica está aqui
do lado, bufando suas baforadas o dia inteiro. E a água do lago, claro, é fria.
À
noite, a G e a Lili, que depois da viagem vão entrar no AA, deram conta de dois
vinhos. E contemplamos as estrelas. Para contemplar melhor, achamos que o postinho de luz que ficava em frente ao nosso quarto estava atrapalhando o brilho do ceú.
Pegamos um guarda-sol e fechamos dentro do poste. Umas duas horas da manhã, já
meio bêbado, saí da cama para tirar o guarda-sol – fiquei com medo que pegasse
fogo. O duro foi, de pijama, tirar o guarda-sol e dar boa noite para a vizinha
hermana que acabara de chegar.
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Poste de luz. E o guarda-sol. E as estrelas. |
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